A AEDAR - Associação dos Ex- Deputados da Assembleia da República- conjuntamente com a Assembleia da República realizaram uma cerimónia de homenagem ao Antigo Presidente da Assembleia da República Dr. Fernando Monteiro Amaral.
O programa da cerimónia foi o seguinte;
10.30 horas – Descerramento da placa evocativa no edifício onde o Dr. Fernando Amaral teve o seu escritório de advogado - Rua dos Bancos, n.º 6;
Breves palavras do Dr. Fernando Lobo do Amaral, filho do homenageado;
Breves palavras do Presidente da Associação dos Antigos Deputados;
Breves palavras do Presidente da Assembleia da República.
11:30 horas -Sessão de Homenagem no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lamego;
Actuação do Coro da Assembleia da República;
Natural de Lamego e licenciado em Direito, Fernando Monteiro do Amaral foi Vereador da Câmara Municipal de Lamego, Presidente da Assembleia Municipal de Lamego e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Deixamos aqui o discurso proferido na cerimónia pelo Presidente de Direcção da Associação dos Ex- Deputados da Assembleia da República, Dr. Luís Eduardo Barbosa.
" Senhor Presidente da Assembleia da República – Dr. Jaime Gama
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lamego
Exma. Família do Dr. Fernando Monteiro do Amaral
Digníssimas autoridades
Senhoras e Senhores
É com elevado sentimento de dever que a Associação dos Ex-deputados da Assembleia da República se associa à homenagem ao Dr. Fernando Monteiro do Amaral como figura política e como Presidente da Assembleia da República.
Apresentamos à família do Dr. Fernando do Amaral as nossas saudações respeitosas.
Temos procurado noutras cerimónias idênticas encontrar nos discursos proferidos pelos homenageados a melhor forma de os recordar e que valor mantêm essas palavras.
Relembramos então as palavras proferidas pelo Dr. Fernando do Amaral na Reunião Solene Comemorativa do 25 de Abril de 1985.
Eis as suas palavras:
“ Estamos aqui para relembrar, para festejar, para reflectir.
Relembrar um sonho pensado pelos capitães de Abril, cuja vontade foi alavancada pela vontade de alterar o curso da história.
Festejar a conquista da liberdade que foi paga, tantas vezes, pelo preço duro da tortura, da desilusão, do silêncio e da morte, para que outros tenham a coragem de defender agora com dedicação, com firmeza, com honestidade.
A reflectir para que a experiência do passado, a vivência do presente, se possam projectar no futuro com sentido profundo da responsabilidade de um povo que aspira, em haustos de esperança, um futuro melhor.
Futuro, cuja modelação é demasiado importante para que possa ser tarefa apenas dos governos ou dos seus técnicos, mas que tem de ser o resultado da adesão de uma vontade entusiástica e colectiva de uma nação que está fazendo da democracia a verdade do seu destino, num destino irrenunciável.”
(…)
“ Havemos de buscar e encontrar os desafios que nos permitam emergir, gradual e trabalhosamente, do plano da crise para o encontro de nós mesmos e da forma própria de estarmos no Mundo.
Quando nos projectámos na Europa, aceitámos uma aposta vigorosa que, pela solidariedade dos povos que a integram, do trabalho que realizaremos e da coragem que nos anima, marcará o ritmo acelerado do percurso que havemos de fazer para a promoção social a que temos direito no concerto das nações.
Quando, na vocação universalista do nosso comportamento histórico, nos viram para as Américas ou para a África, estamos alimentando o curso do pensamento de séculos que têm dado força e sentido à identificação de um povo que entre os demais se agigantou para escrever com fé, com sangue, com vidas, a maior gesta de todos os tempos.
Fomos fulcro de uma civilização. Merecemos e temos o respeito do Mundo. Prodigalizámos à história um contributo enorme. Temos, pois, a obrigação de dar testemunho.
Testemunho de fidelidade à nossa vocação histórica.
Testemunho de trabalho, de perseverança e de coragem na solução dos problemas que nos absorvem.
Testemunho de convivência, de tolerância, de compreensão e de paz.
Que não nos domine um pessimismo sem tino, nem um optimismo sem senso; mas entreguemo-nos à luta infatigável pela justiça.
Contar o pessimismo sem tino, teremos a força da convicção do futuro que desejamos.
Contra o optimismo sem senso, teremos o aguilhão das injustiças que nos são patentes.
Que não nos seduza a simplicidade das posições extremas.
O «tudo ou nada» traz no seu bojo a demagogia e a violência.
O conquistador extremista da direita ou da esquerda define-se por estar sempre contra.
Ele não procura nunca o plano da unidade que se traduz na harmonia dos contrários, mas procura sempre o esmagamento das diferenças….
(….) neste admirável hemiciclo, onde a vossa voz tem constituído um estimulo à consagração da liberdade, à vivência democrática, na lógica consequente da data que festejamos, é com a maior satisfação e autêntico júbilo que me sinto orgulhoso de ser deputado.”
Assim falou o Dr. Fernando Monteiro do Amaral no dia 25 de Abril de 1985.
O tempo passa. É nossa obrigação guardar a memória das grandes figuras que prestigiaram a Assembleia da República. "
Luís Barbosa, Presidente da AEDAR
Cerimónia de Homenagem ao EX-PAR, Dr. Fernando Amaral
Lamego, 14 de Setembro de 2010